Saiu na imprensa: JBS falsificou treinamentos de segurança do trabalho nos EUA
- Observatório Frigoríficos
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03 de setembro de 2025
A maior empresa de processamento de proteína animal do mundo, a brasileira JBS, controlada pelos irmãos Batista foi alvo de nova denúncia de más práticas que ameaçam a vida e a segurança de seus trabalhadores. Dessa vez a denúncia vem de uma ex-empregada do frigorífico de Greeley, Colorado, nos Estados Unidos. Em ação apresentada à corte distrital, Salima Jandali acusa a JBS de retaliação após ela se recusar a seguir nas práticas exploratórias, perigosas e ilegais da empresa, além de promover discriminações sistemáticas no ambiente de trabalho por sua religião, conforme matérias de imprensa citadas a seguir.

De acordo com reportagem do The Denver Post, publicada no último dia 29 de agosto, a JBS teria orientado a ex-funcionária a realizar parte dos treinamentos obrigatórios no lugar dos novos contratados - muitos iniciavam as jornadas no chão de fábrica dos frigoríficos, manuseando equipamentos perigosos sem terem obtido quaisquer informações sobre segurança no trabalho.
Ao se recusar a performar os testes pelos trabalhadores, teria afirmado em um e-mail que "se ela não se sentia a vontade para fazer isso, este não era um trabalho para ela". De acordo com o processo, Jandali se demitiu em setembro de 2024 "após suportar meses de assédio, retaliação e pressão para se envolver em condutas ilegais”.
No ano passado, a Folha de São Paulo reportou que a mesma unidade da JBS em Geeeley já havia sido alvo de uma denúncia por parte do sindicato UFCW de que funcionários "foram sujeitos a tráfico humano, pagamento de aluguel por acomodações precárias, condições de trabalho perigosas, ameaças e intimidação. Cerca de 500 trabalhadores haitianos e beninenses podem ter sido impactados, segundo o sindicato". Um trabalhador haitiano abriu uma ação na Comissão para a Igualdade de Oportunidades de Emprego do governo dos EUA contra a JBS de Greely em função das condições extenuantes e ultrajantes às quais os imigrantes haitianos são submetidos.
Em maio de 2024, a mesma unidade da JBS de Greeley sofreu um embargo da China após a identificação de um aditivo alimentar chamado ractopamina ter sido encontrado nas carnes processadas na unidade. O uso da substância está associado a um aumento de stress cardiovascular e a produção de síndrome Nani (animais prostrados e incapacitados antes do abate), informam os especialistas da área.
Em 2022 a JBS nos EUA também foi alvo de um processo após a identificação de trabalho infantil utilizado na limpeza noturna das linhas de produção em ao menos 3 frigoríficos: em Grand Island, Nebraska; em Worthington, Minnesota; e em Greeley, Colorado. No início de 2025 a empresa foi condenada a pagar uma indenização de 4 milhões de dólares por essas violações.
Em maio de 2020, no início da pandemia da COVID-19, a inadequação do frigorífico de Greeley fez o número de casos no Estado do Colorado saltarem à frente da média dos EUA, causando a morte de diversos trabalhadores desta unidade.
O histórico de más práticas da JBS de Greeley abrange também a questão ambiental. De acordo com processo conjunto entre o Center for Biological Diversity e o grupo Food and Water Watch, o frigorífico teria desrespeitado os limites regulados por lei sobre poluição de águas por um período de 5 anos, descartando gordura animal, restos de carnes, sangue a bactérias e.coli.
Em 2025 a JBS entrou na bolsa de valores de Nova Iorque, sob intensos protestos de organizações internacionais, que destacam o papel da empresa no desmatamento no Brasil - a JBS foi a maior doadora do comitê de posse de Donald Trump.
Essa semana o IBAMA declarou investigar a JBS por suspeita de compra de gado em terras desmatadas ilegalmente na Amazônia.
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